Expedição Pira nos Andes: uma aventura inesquecível
Expedição Pira nos Andes foi uma experiência única vivida por Gilson Martins e sua família, a bordo de uma Xterra ao longo de quatro países.
Que tal atravessar 9100 km a bordo de um carro? Ou mesmo enfrentar altitudes de 28 a 4350m, no frio, no gelo ou mesmo no barro, atravessando três países? Amigos Xterráqueos de Piracicaba, São Paulo, viveram essa aventura, chamada por eles de Expedição Pira nos Andes.
A aventura começou no dia 14 de julho, saindo de Piracicaba, interior de São Paulo. A intenção? Visitar parte da Cordilheira dos Andes a bordo de uma Xterra. Seriam dois carros, mas um imprevisto acabou por tornar a aventura de Gilson Martins e família ainda mais incrível.
Iniciamos o planejamento de nossa expedição em março e a batizamos de Pira nos Andes, com previsão de passarmos por três países, Chile, Argentina e Bolívia. A princípio iríamos com dois carros, seis pessoas, mas nas vésperas da viagem, por questões de saúde na família os amigos tiveram que desistir. Acabamos por viajar sozinhos. Fomos eu, minha esposa Zaclis e minhas filhas Amanda e Fernanda e nossa XTerra companheira de estrada, conta Gilson.
O roteiro foi dividido em alguns “tiros”, como denominou Gilson. E o primeiro deles previa três paradas: Pato Branco, no Paraná, Corrientes e Tilcara na Argentina. Foram cerca de 2500 km em três dias.
COMPLICAÇÕES
Passado o primeiro “tiro”, era preciso rumar para a cordilheira. A estrada? A Ruta 21 – também conhecida como Estrada do Dakar – que os levaria até Uyuni, na Bolívia. Mas a viagem precisou sofrer algumas alterações.
Já no primeiro posto de pedágio boliviano fomos surpreendidos com a informação de que a ruta estava bloqueada por protestos. Nos segundo pedágio fomos orientados a retornar até a primeira ponte e pegar um “atalho”. Era uma estradinha de terra, de cerca de 20 km, pelo leito de um rio seco que nos desviaria de Tupiza e, consequentemente , do bloqueio. O ruim disso foi ter que seguir até Potosi, mais ao norte, um acréscimo de cerca de 250 km, relata Gilson
Mas o desvio não foi completamente ruim. Isso porque os expedicionários xterráqueos da expedição Pira nos Andes tiveram de presente uma estada belíssima e repleta de aventuras. Tendo como única alternativa cruzar o centro de Potosí, Gilson e família passaram por bons apertos.
“Foi uma hora e meia por entre ruelas estreitas (a X Terra não cabia nas esquinas, era preciso manobrar). Com muito custo,várias perguntas aos moradores e um novo atalho por terra indicado por um frentista, achamos a estrada para Uyuni, onde chegamos à noite”, relembra. Gilson lamenta não ter podido apreciar a estrada de Potosí a Uyuni . ” (Essa estrada) deve ser muito bonita, porém não vimos nada porque anoiteceu rapidamente”, lamenta. “Ficou para uma próxima”.
Experiência única
A expedição Pira nos Andes reservou uma experiência única no dia seguinte. A visita ao belíssimo e esplendoroso Salar de Uyuni, com seus imponentes 10582 km2 de área. O local é conhecido como o maior deserto de sal do mundo.
Dirigir no Salar é uma experiência única, as noções de distância e localização são afetadas pela imensidão branca do Salar. Minha filha Amanda teve o privilégio de experimentar esta sensação. A saída do Salar com todos os carros se aproximando ao mesmo tempo e com a noite já chegando nos deu a sensação de estarmos participando do filme Mad Max .Luzes vindo de todas as partes, nenhuma estrada, todos os carros preparados para aquele tipo de terreno (a maioria Land Cruizer, a única X Terra era a minha), foi uma aventura e tanto.
Depois dessa experiência única, a rota previa seguir até o vulcão Tunupa na vila Coqueza e posteriormente a Ilha Incahuasa. Pé na tábua e muita habilidade para dirigir aguardavam a família Martins.
Solidão na neve
Despedir-se de Uyuni foi uma aventura para os corajosos xterráqueos paulistas. Ao saírem da cidade, uma nevasca os pegou. Com isso, o lado chileno da estrada de Uyuni foi todo tomado pela neve. E isso tornou a expedição Pira nos Andes ainda mais emocionante.
Já no início do trajeto ajudamos um motociclista que caiu e uma camionete boliviana que rodou na pista. (Esse foi um baita susto, porque frear na neve não é uma tarefa fácil e achei que a X Terra não fosse parar). Puxei a pickup com a X Terra, a colocamos alinhada novamente na pista e seguimos viagem.
Mas a neve, que os acompanhou até Ollaque e em algumas outras cidades chilenas, não foi o único empecilho na ruta 5. A solidão também, em meio ao deserto, deixou a família bastante receosa quanto a seu sucesso na expedição.
A ruta 5 é bem movimentada em seu primeiro trecho e foi ficando cada vez mais cheia de neve, o que foi uma bela experiência para toda família. Em determinado ponto entramos na ruta 701, neste trecho são poucos carros, praticamente somente as Land Cruizer com turistas. De certo ponto em diante, nem eles, somente a X Terra, os vulcões nevados e mais ninguém.
A chegada à fronteira Bolívia e Chile se deu no início da tarde, na cidade de Ollaque que, segundo Gilson, é “praticamente um amontoado de casas no meio do nada, com um belo vulcão (Cerro Olaque) que esteve ativo há não muito tempo”.
Deserto e plano D
A expedição Pira nos Andes estava chegando ao seu final. Depois de dormir em Calama, no Chile, a família Martins, enfim iria para o famoso deserto do Atacama. Apesar da neve que fechou muitas atrações, a aventura valeu a pena.
Conseguimos ir até El Tatio, famoso pelos geisers, mesmo sabendo que o parque estava fechado, o objetivo era ver a região com neve. Decisão acertada, a paisagem estava deslumbrante. Conhecemos ainda as ruínas de Pukara, a Quebrada del diablo, o Valle de Marte, Valle de la Luna e as lagunas do Salar do Atacama. Foram dias intensos em San Pedro, todos muito bem aproveitados. A experiência no deserto é única e merece ser “degustada” com calma, comenta Gilson.
Volta para o Brasil
Sair do Atacama foi um desafio. O grupo precisou de mais do que planejamento. Foi necessário criar alternativas para que a expedição Pira nos Andes tivesse sucesso.
Todos os Pasos que saem do Atacama para a Argentina estavam fechados pelas nevascas, inclusive o que segue para o Uyuni (que seria uma opção) e sem previsão de normalização. Por esse motivo decidimos acionar o plano D de nosso roteiro (os planos A, B e C já não dariam conta). Voltamos via litoral. Isso foi ótimo, pois tivemos a oportunidade de conhecer o Pacífico e alguns lugares interessantes como Antofagasta, La Serena, La Mano del Disierto, Copiapó e Los Andes, dentre outras atrações do caminho.
Como diz o ditado, “Deus escreve certo por linhas tortas”. O desvio de percurso ainda propiciou à família Martins outras belíssimas paisagens.
Na fronteira (do Chile com a Argentina) ainda tivemos a oportunidade de conhecer a famosa estrada Los Caracoles e suas infinitas curvas fechadas. Vimos também o Parque do Aconcágua e a Ponte de Los incas na Argentina, em direção a Mendoza, terra das vinícolas (que devem ser bem bacanas de conhecer em outras estações do ano, já que no inverno a gente vê tudo seco).
Mais um tiro
O retorno ao Brasil se deu por Santa Fé (Argentina) sentido Foz do Iguaçu para mais um tiro (Santa Fé-Mendoza-Foz do Iguaçu). Lá o grupo reabasteceu as forças para completar. “Passamos um dia em Foz para descansar dos dois longos dias de estrada, mas já sentindo falta dos lugares onde as raras pessoas nas atrações turísticas éramos nós”, completa.
A expedição Pira nos Andes foi longa (15 dias no total, tendo terminado dia 28 de julho), mas bastante compensadora. E, além de tudo, inesquecível.
Ao todo foram 9.100 km de estrada cruzando Brasil, Argentina, Bolívia e Chile com pernoite em onze cidades diferentes. Altitudes variando de 28 a 4350 metros e temperaturas de 28 a -4 graus. Neve, barro, areia, terra, rochas, sal, de tudo um pouco em paisagens que não sairão tão cedo de nossas memórias,finaliza.
Demais…. plena demonstração de determinação e planejamento!! !
Esse é aventureiro. Muito bacana as fotos e o roteiro. Parabéns Gilson.
Abs
Sensacional!!!
Que prazer ler tudo isso!!
Gosto muito dessa familia.