Em busca de Jeep abandonado

Jeep abandonado
Grupo passou o fim de semana em busca de jeep abandonado próximo à Régis Bittencourt.

Que muita gente gosta de desafiar a natureza isso não é surpresa para ninguém. Enfrentar suas adversidades é o que mais motiva a todo dono de 4×4. Mas a aventura que hoje vamos contar é sobre um grupo em busca de um Jeep abandonado. E não é qualquer desafio, pois ele iria acontecer em uma casa mal assombrada. O fato aconteceu no interior de São Paulo, entre os dias 2 e 4 de agosto deste ano.

Jeep abandonado

1º dia – 2 de agosto – sexta-feira.

Sexta-feira foi dia de fazer um levantamento da temida trilha da Serra do Mar no Vale do Ribeira. Os quatro exploradores eram Mirim, Cilinho, Franklin e Landão. Eles ainda contaram com o apoio do Carlinho da trilha, que os levou até a portaria e o Chaulin trilheiro,  que conhece bem a região e lhes daria suporte em caso de um possível resgate. Mirim, um dos participantes dessa expedição, conta como foi.

Começamos a nossa travessia entre as cidades de Juquitiba e Miracatu.  Viemos margeando a Serra do Cafezal, o que dá aproximadamente 60 km de trilha. Iniciamos na porteira a uns 20 km da BR Régis Bittencourt finalizando novamente na rodovia. O lugar é maravilhoso muito quente, muito úmido sempre chovendo e com muitos animais perigosos. Mas nós não buscávamos chuva e sim, uma história macabra, que contava sobre um jipe abandonado em uma casa mau assombrada.

A busca, entretanto, não seria simples. As pistas eram poucas e o percurso, longo. E boa parte dele seria feita a pé.

A única pista que a gente tinha desse Jeep era um motor abandonado em um rio bem no meio da trilha. Partimos por volta das 9 horas, e caminhamos cerca de 15 km. paramos para acampar às margens de um rio, onde são colocadas câmeras para fotografar grandes felinos. Foi a conta de fazer a janta e começou a chover.  Com isso, apagou-se nossa fogueira e também a única garantia de afastar o bicho. E lá se foi chuva durante a noite toda até as 4h30 da madrugada.

Jeep abandonadoSegundo dia- 3 de agosto – sábado

Passado o reconhecimento da área e todos os perrengues do dia anterior, era hora de ir em busca do jeep abandonado. O grupo acordou cedo, levantou acampamento e partiu novamente.

Por volta do horário do almoço escutamos uns gritos na floresta! Quem vem lá? Era um morador da região, atravessando sozinho. Ele parou para tomar um dedo de prosa. Tínhamos acabado de passar pelo motor, foi quando nós, perguntamos sobre o tal jipe.

Ele então reagiu assustado:  “é bem ali, mas ninguém tem coragem de chegar naquela casa”, contou-nos. Depois de perguntarmos se ele poderia nos dizer o caminho, ele se prontificou a ir conosco  e foi puxando a fila.

O auxílio do morador desconhecido, apesar de bastante valoroso, não diminuiu os perigos por que passaram, como conta Mirim.

A mata foi ficando cada vez mais fechada, mais difícil de caminhar e o medo começou a tomar conta. Landão tomou um tombo muito forte. Nessa hora pensamos em desistir, mas já estávamos chegando. Então chegamos à tal casa. Era impressionante o quanto era grande.Ela possuía um pé de limão em sua entrada e estava bem limpa. Então vimos o tal  Jeep abandonado, que, infelizmente, está sendo corroído pelo tempo.

A história do Jeep abandonado

Alcançado o objetivo, era hora de conhecer  a história do jeep abandonado. E foi isso que o grupo fez.

O morador então nos contou por alto que ali seria uma cooperativa. Disse também que o empregado que andava no Jeep Willys era um cobrador e que muitas vezes os devedores pagavam-lhe com a vida. E esse empregado que antes pilotava o Willys morava na grande casa, que ficou assombrada, endoidecendo o tal matador. E este logo ficou doente e acabou morrendo, deixando a floresta tomar conta da casa e do velho Jeep Willys.

A volta

A história do jeep abandonado deixou os aventureiros de cabelo em pé. Conhecer o local e ver de perto uma lenda do interior paulista trouxe grande satisfação. Porém, passada toda a adrenalina, era hora de voltar a casa. E isso só iria acontecer no domingo.

A porca faminta

Uma surpresa, nesse segundo dia, esperava pelo grupo: uma porca faminta. E os exploradores não perderam a oportunidade de fazer uma boa ação.

Bom, depois dos arrepios, partimos novamente na caminhada, pois iríamos dormir próximo ao Rancho Queimado. Mas no caminho escutamos um barulho de um bicho estranho. Era um filhote de porco do mato abandonado. Acreditamos que podia ter se perdido do bando ou alguma onça ter jantado a sua mãe. Logo que vimos que o bicho tinha fome, demos a ele um mingau.  Logo depois passou um morador daquela região que o recolheu e o levou para uma fazenda próxima para deixar com uma porca, que tinha dado cria.

Quando isso aconteceu, já era noite e ameaçava chover. Estávamos com muito peso tínhamos que nos desfazer da comida. Então preparamos um “banquete”. Fizemos um macarrão com bastante carne e logo depois fizemos um creme de batata e comemos duas vezes cada um. Estávamos bem cheios. Aí bateu aquele frio. Cada um foi para  Sua barraca e essa noite não choveu.

3º dia – 4 de agosto – domingo

Se no dia anterior o desafio era a caminhada de   aproximadamente 30 km de muita erosão muito vento e muita descida, nesse terceiro dia eram as dores.  E mesmo depois de um dia longo e exaustivo, era preciso voltar.

Nesse terceiro dia, começaram as dores, mas a vontade de sair da trilha só aumentava. E, com isso, nossa velocidade também; mas, ao mesmo tempo, sentíamos saudade da trilha. Descemos a Serra, com visões maravilhosas. Conseguíamos  ver o mar e também a rodovia bem lá embaixo.

Quando o celular deu área, ligamos para o amigo Carlinho. Mandamos notícia para casa e fomos descendo a serra. Às 15h30 finalizamos a trilha e fomos até a BR.

Finalizando a aventura

Acabada a aventura, era hora de se preparar de vez para voltar a casa. Até porque, depois de tanto chão percorrido, o grupo já estava exausto  e precisava de um mínimo de conforto.

Terminada a aventura, queríamos, enfim, voltar. Estávamos loucos por um banho quente e eu, como caminhoneiro, comecei a acenar para os caminhões que passavam.

Depois de algum tempo, conseguimos uma carona e era uma cegonha daquelas novinhas. Subimos todos sujos de barro e fomos até o Posto O Fazendeiro. Lá tomamos um banho quente e terminamos a nossa maravilhosa aventura inesquecível, finaliza.